domingo, 30 de agosto de 2009

Boleiros

Cê tem que parar a bola, dominar ela assim... passa a bola pro cara mais bem colocado para finalizar a jogada... Aconselham os que entendem de futebol. Ora, eles devem ter domínio total dos fundamentos do esporte. E falam com a segurança típica de quem sabe o que fala. Com a maior naturalidade.

Não questiono a habilidade de alguns deles, não obstante a vida não lhes tenha premiado com um lugar ao sol na esfera dos craques profissionais.

A maneira que falam e se comportam é parecida com a postura da neta que reserva junto à família um emprego pro namorado no Senado onde o avô é presidente. A moça nasceu e cresceu numa casta de privilegiados. No caso dela, não faz distinção alguma entre o privado e o público. Nem lhe passa pela cabeça haver algum problema nisso.

No caso deles – os boleiros, nada mais lógico: há os que sabem jogar e os que não sabem jogar. Boleiros sempre se incluem na primeira categoria. (Eu, definitivamente, sou da segunda. E do segundo quadro – quando há jogo contra.)

A crítica ao passe errado, ao chute torto dos mais fracos, vem ferrenha por parte de alguns. Há, porem a sutiliza de alguns outros quando este aqui se manifesta: “até” passo a bola pra você... nunca deixei de cruzar a bola “pra você”... olha o detalhe do “até”, do “pra você”. É uma arroganciazinha quase inocente. Eles, normalmente não seriam capazes de passar-me a bola, de incluir-me na jogada, claro. No entanto, têm espírito esportivo e acham que todos tem que jogar. Hahaa!

Pra que complicar? As pessoas ficam fazendo tempestade num copo de água...
As quatro linhas compõem o palco de suas realizações. É lá que os titãs se digladiam. O componente lúdico, a brincadeira, tem pouca ou nenhuma importância para eles, os boleiros.
Até toleram os grossos dentro de campo. Desde que não atrapalhem suas jogadas geniais, seus toques refinados, suas descidas em velocidade.

Lembra-me a história daquele enxadrista excêntrico. Detestava jogar com quem não sabia jogar. Restringiu tanto o nível de competência de seus adversários que ficou louco e no crepúsculo da vida costumava desafiar Deus dando-lhe dois peões de vantagem pra começar o jogo.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

"Cuidado com os burros motivados"*

* A revista "ISTO É" publicou esta entrevista.

O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional.

Em "Heróis de Verdade", o escritor combate à supervalorização das aparências diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.

ISTOÉ -- Quem são os heróis de verdade?

Roberto Shinyashiki -- Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo.
Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes.
E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.

ISTOÉ -- O sr. citaria exemplos?

Shinyashiki -- Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito "100% Jardim Irene". É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

ISTOÉ -- Qual o resultado disso?

Shinyashiki -- Paranóia e depressão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

ISTOÉ - Por quê?

Shinyashiki -- O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTOÉ -- Há um script estabelecido?

Shinyashiki -- Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um Presidente de multinacional no programa O aprendiz? "Qual é seu defeito?" Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar. É exatamente o que o Chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder. O vice-presidente de uma das maiores empresas do planeta me disse:"Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir". Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?

ISTOÉ - Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?

Shinyashiki -- Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

ISTOÉ -- Está sobrando auto-estima?

Shinyashiki -- Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTOÉ -- Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?

Shinyashiki -- Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico.. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta. O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: "Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham". Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

ISTOÉ -- O conceito muda quando a expectativa não se comprova?

Shinyashiki - Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

ISTOÉ -- Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?

Shinyashiki -- Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. Os restos foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo. Um amigão me perguntou: "Quem decidiu publicar esse livro?" Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

ISTOÉ - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?

Shinyashiki -- O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates.O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

ISTOÉ -- Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?

Shinyashiki -- A sociedade quer definir o que é certo. São quatro Loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema. Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: "Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz". Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

TCC - (Trabalho de Conclusão de Curso)

Não sei se é verídico, mas é no mínimo engraçado:

Dos Alunos do Mackenzie ao Café Pilão:

Prezados Srs.,

Gostaria de verificar a possibilidade da realização de uma entrevista com o responsável pela Área de Marketing a respeito do mercado de café tipo exportação no Brasil. Eu e meus colegas somos alunos do curso de Administração/Comércio Exterior da Universidade Mackenzie e temos como tema do trabalho de conclusão de curso a influência do selo 'tipo exportação' no consumo de café no Brasil. A idéia é estudarmos os efeitos do produto exportável no mercado doméstico e por isso selecionamos profissionais do mercado de café cuja opinião nos seria de algum valor. A entrevista seria agendada conforme a disponibilidade da sua empresa e não levaria mais do que 1h. Aguardo um retorno, e desde já agradeço.

Resposta do Café Pilão:

Agradecemos o seu contato e o seu interesse no nosso Café Pilão. Informamos que nós, do Café Pilão, possuíamos uma política para divulgação das informações sobre os nossos produtos e sobre a nossa empresa. Desta forma, disponibilizamos o site para que o estudante tenha acesso às informações sobre a marca do produto e a empresa possíveis de serem divulgadas. Você poderá acessar nossa página pelo endereço: http://www.cafepilao.com.br Esperamos que você possa apreciar o site do Café Pilão, pois ele foi especialmente desenvolvido com todo carinho para você!Mais uma vez agradecemos o seu contato e colocamos o Serviço de Atendimento ao Consumidor a sua disposição.Um abraço,
Gledes de Souza.
Serviço de Atendimento ao Consumidor.

Réplica dos alunos:

Prezado Sr. Gledes de Souza,

Somos alunos do último semestre do curso de Administração/COMEX da Universidade Mackenzie. Embora o nosso curso seja meia-boca, Vsa. seja meia-boca e essa água suja que vocês chamam de café seja meia-boca, nós não o somos e a nossa paciência se esgotou. Como Vsa. não deve saber o que é stress, pois a sua existência medíocre não prevê a transposição de limites, prazos, etc, eu gostaria de, em poucas linhas, escrever que é muito foda ralarmos para pagar a facu, mantermos nossos empregos, tentarmos minimamente concluir os trabalhos que sempre deixamos atrasar e ainda termos que aturar respostas imbecis como a que Vsa. Nos mandou. Para tentar fazê-lo perceber o quão estúpida foi a sua atitude, segue um silogismo bem didático, com a seqüência de raciocínio que o seu cérebro de amendoim deveria ter feito:

1. a minha mensagem chegou por meio do site do Café Pilão, portanto eu tenho acesso à Internet
2. a mensagem foi escrita, logo eu sei escrever
3. se eu sei escrever, muito provavelmente eu saiba ler
4. se eu sei ler, tenho acesso à Internet e acessei o site do Café Pilão p/ escrever a mensagem, eu vi o que havia escrito lá
5. se eu me dei ao trabalho de escrever uma merda de mensagem para uma banca de idiotas do serviço de atendimento, é porque eu preciso de algo ALÉM do que está no site.

Ficou claro?Portanto, meu amigo, eu penso sinceramente que pessoas como Vsa. deveriam ser esterilizadas ao nascer, pois assim pouparíamos as futuras gerações do convívio desgastante que hoje somos obrigados a manter, em nome dos direitos humanos e da civilidade.Por fim, segue um conselho e um pedido. O conselho é que Vsa. se mate o mais rápido possível, e o pedido é que, antes de se matar, você vá tomar no CÚ.

Tréplica do Diretor de Marketing do Café Pilão

Prezados Formandos:

Como vocês já devem ter percebido, cometeram vários erros na sua solicitação, imperdoáveis em alunos que estão saindo dos bancos de uma universidade para o mercado de trabalho...

Erro 1: Vocês tentaram estabelecer contato com uma grande empresa usando o canal de comunicação errado, ou seja, o SAC, Serviço de Atendimento ao Consumidor.Se vocês já tivessem recebido a graça de um estágio numa empresa medianamente organizada, este fato, além de transformá-los em alvo de piada, jamais lhes renderia um emprego na alta administração, nem menos no telemarketing que é onde as empresas atendem idiotas iguais a vocês.

Erro 2: Vocês também revelaram grande amadorismo em fazer este tipo de contato pore-mail, como se em alguma empresa houvesse profissionais prontos para responder pedidos de filhinhos de papai que deixam os seus trabalhos de aula para a última hora, porque ficam fumando maconha, correndo gatinhas e torrando a grana da família nos botecos da vida. Existe um equipamento chamado telefone, que é atendido por uma profissional chamadatelefonista. Aqui na Pilão, casualmente, a telefonista é uma diplomada em Administraçãopela Mackenzie, com ênfase em Comércio Exterior, que, por suas raízes, certamente abriria as portas para vocês.

Erro 3: O trabalho proposto por vocês é de uma inutilidade espantosa, uma prova de total incompetência para quem está obtendo um diploma de bacharel em administração. Na verdade, é uma pesquisa estúpida e imbecil, pois utiliza uma metodologia completamente errada - 'entrevistas com profissionais do café ' para'estudar os efeitos do produto exportável no mercado doméstico'. Garotos, este tema já foi pesquisado há 10 anos atrás e nãotem mais a mínima importância depois que Collor de Mello abriu as fronteiras do Brasil. Naquele tempo, aliás, os jovens, além de estudiosos, também eram politizados. Vocês já ouviram falar dos 'caras pintadas' ou acham que isso é apenas um apelido para palhaços como vocês?

Espero, com esta resposta, estar contribuindo para a formação de vocês. Mas, se esta resposta não lhes servir como uma pequena lição, fiquem tranqüilos. Entrem novamente em nosso site http://www.cafepilao.com.br e conheçam os nossos projetos sociais, destinados a recuperar jovens drogados, a fazer inclusão digital (ensina inclusive a usar a internet) e a tratar problemas sexuais em jovens estudantes.Ah, antes que esqueça, abriu uma oportunidade de estágio para formandos em Comércio Exterior aqui na empresa: na Namíbia.Sabemos que é no cú do mundo, mas como vocês merecem tomar no cú, é um bom lugar.

Atenciosamente.

Jairo SoaresDiretor de Marketing

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Curriculo de um baiano

CURRICULUM DE BAIANO - VERIDICO


Esse Currículo foi realmente enviado para algumas empresas.
Vejam. É muito Bom


APRESENTAÇÃO PESSOAL


MEU NOME? Lucas Lopes Batista – 23 anos. Não vou colocar meu cpf porque agora virou moda pedir cpf, meu nome está no SPC, mas não é porque sou caloteiro é porque estou com um débito alto da faculdade e estou sem grana para pagar. Agora se vocês me derem a oportunidade de trabalho com certeza pagarei mais rápido.

ENDEREÇO? Eu moro no bairro de Nazaré – Salvador/ Ba. Não preciso mencionar a rua, pois acredito que no momento vocês não virão me visitar e nem me enviarão correspondências.

CONTATO É o telefone eu posso dar caso vocês queiram me ligar pra marcar uma entrevista. 3242-0000/ 8178-0000 Email: abcdefg@gmail.com
FORMAÇÃO ACADÊMICA Estava cursando Produção Editorial na Hélio Rocha. Tranquei por problemas técnicos (no bolso), pretendo resolver o mais rápido possível para voltar logo!

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL A minha é grande! (Para quem tem 23 anos)Estagiei na Petrobrás Distribuidora S/A. em 2001. Assim que sai de lá fui trabalhar numa locadora de filmes na graça. Fiquei dois meses porque A Fórmula uma empresa maior (e melhor) me chamou, comecei lá em 2002 sai em 2005 foi a empresa que durei mais. Era muito boa, lá eu aprendi melhor relacionamento humano, como lidar com colegas de trabalho, infelizmente o meu horário de trabalho estava atrapalhando na faculdade. (Uma pena, mas a fila anda). Coincidiu que no mesmo mês a Atento (Vivo) me chamou e eram 6 horas, não atrapalhava na faculdade. Achei que lá era o Paraíso Tropical, mas de Paraíso não tinha nada. Era um trabalho chato e estressante. (Eu sou agitado, apesar de não parecer) detesto ficar sentado muito tempo. Depois de um ano quebrei as correntes da escravidão e fui pra uma locadora falida lá em Vilas do Atlântico (Vídeo Vilas). Lá eram 5 horas e pagava legal, mas como felicidade de pobre dura pouco; eu tinha um chefe-infernal (Estilo Meryl Streep em “O Diabo Veste Prada”) agüentei seis meses e pedi pra sair. Depois de três meses na dança-do-desempregado fui dar aulas de informática no colégio Mundial (Vila Laura) lá era tudo ótimo, chefe, colegas, alunos, só que como nada é perfeito o salário não era lá uma Brastemp.Quando estava me acostumado com o lugar a empresa Politec que presta serviços pra Caixa me chamou pra seleção e blá, blá, blá. O salário era melhor e como a grana fala mais alto (ou melhor gritaaaaa!) pedi pra sair do colégio com o broken heart, mas fazer o quê? É a vida é bonita e é bonita...Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Agora estou aqui sendo sincero com vocês sabendo que meu New Currículo vai parar na próxima lixeira, eu sei que esta empresa só emprega lixo e eu sou o bom, eu sou o cara, basta ver meu currículo, em todos os casos, caso mude de idéia é só ligar..

INDIOMA

Antes eu mentia coloca no currículo que tinha Inglês – fluente e Espanhol - básicoTudo balela! Em Inglês, só sei What´s your name, How are you e etc.Aliás, não sei pra que pedem inglês no currículo, sei da importância de possuir um Idioma e pretendo aprender o inglês e outra língua que puder, mas realmente inglês para exercer funções simples é desnecessário, aqui na Bahia tem mesmo é que saber o ó xenti que o nosso be a bá.

CURSOS Tenho os cursos básicos de: capoeira, empacotador, tele-marketing, informática (sem o tal de Windows e Excel), atendimento a clientes e vendas, relacionamento humano, comédia corporativa e estou me escrevendo para um curso de acarajé (ninguém sabe do futuro né?).

TALENTOS

Não é querendo me gabar, mas é o que eu possuo de melhor, infelizmente nos cargos que ocupei não tive a oportunidade de mostrar meus talentos. Só na A Fórmula que tive a oportunidade de organizar alguns eventos e mostrar um pouco minhas facetas, um dia ainda vou estar na Globo. Obs: A iniciativa de criar este currículo foi para inovar, porque assim vocês ficam me conhecendo melhor e evitam o transtorno de me chamar para uma entrevista e fazer eu gastar R$ 4,00 de transporte e me reprovarem numa dinâmica de gente, poupa meu bolso e poupa o tempo de vocês. E tem mais! Este currículo é só para pessoas dinâmicas e com a cabeça aberta , papo cabeça, cabeça feita meu rei, se você for antiquado (a), museu, tiver alma de “velho” com certeza jogará este currículo na lixeira. Mas estará perdendo a grande oportunidade de me conhecer e de repente a grande chance de ter o melhor funcionário da Bahia! Desde já agradeço a atenção.

Lucas “o bom”

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Duas Historias Interessantes

_HISTÓRIA NÚMERO UM_

Muitos anos atrás, Al Capone possuía virtualmente Chicago.
Capone não era famoso por nenhum ato heróico.
Ele era notório por empastar a cidade com tudo relativo a contrabando, bebida, prostituição e assassinatos.
Capone tinha um advogado apelidado "Easy Eddie". Era o seu advogado por um excelente motivo. Eddie era muito bom!
Na realidade, sua habilidade, manobrando no cipoal legal, manteve Al Capone fora da prisão por muito tempo.
Para mostrar seu apreço, Capone lhe pagava muito bem.
Não só o dinheiro era grande, como Eddie também tinha vantagens especiais.
Por exemplo, ele e a família moravam em uma mansão protegida, com todas as conveniências possíveis.
A propriedade era tão grande que ocupava um quarteirão inteiro em Chicago. Eddie vivia a vida da alta roda de Chicago, mostrando pouca preocupação com as atrocidades que ocorriam à sua volta.
No entanto, Easy Eddie tinha um ponto fraco.
Ele tinha um filho que amava afetuosamente. Eddie cuidava que seu jovem filho tivesse o melhor de tudo: roupas, carros e uma excelente educação.
Nada era poupado. Preço não era objeção. E, apesar do seu envolvimento com o crime organizado, Eddie tentou lhe ensinar o que era certo e o que era errado.
Eddie queria que seu filho se tornasse um homem melhor que ele.
Mesmo assim, com toda a sua riqueza e influência, havia duas coisas que ele não podia dar ao filho: ele não podia transmitir-lhe um nome bom ou um bom exemplo.
Um dia, o Easy Eddie chegou a uma decisão difícil.
Easy Eddie tentou corrigir as injustiças de que tinha participado.
Ele decidiu que iria às autoridades e contaria a verdade sobre Al "Scarface" Capone, limpando o seu nome manchado e oferecendo ao filho alguma semelhança de integridade.
Para fazer isto, ele teria que testemunhar contra a quadrilha, e sabia que o preço seria muito alto.
Ainda assim, ele testemunhou.
Em um ano, a vida de Easy Eddie terminou em um tiroteio em uma rua de Chicago.
Mas aos olhos dele, ele tinha dado ao filho o maior presente que poderia oferecer, ao maior preço que poderia pagar.
A polícia recolheu em seus bolsos um rosário, um crucifixo, uma medalha religiosa e um poema, recortado de uma revista.
O poema: "O relógio de vida recebe corda apenas uma vez
E nenhum homem tem o poder de decidir quando os ponteiros pararão, se mais cedo ou mais tarde.
Agora é o único tempo que você possui.
Viva, ame e trabalhe com vontade.
Não ponha nenhuma esperança no tempo, pois o relógio pode parar a qualquer momento."

_HISTÓRIA NÚMERO DOIS_

A Segunda Guerra Mundial produziu muitos heróis.
Um deles foi o Comandante Butch O'Hare.
Ele era um piloto de caça, operando no porta-aviões Lexington, no Pacífico Sul.
Um dia, o seu esquadrão foi enviado em uma missão.
Quando já estavam voando, ele notou pelo medidor de combustível que alguém tinha esquecido de encher os tanques.
Ele não teria combustível suficiente para completar a missão e retornar ao navio.
O líder do vôo o instruiu a voltar ao porta-aviões.
Relutantemente, ele saiu da formação e iniciou a volta à frota.
Quando estava voltando ao navio-mãe viu algo que fez seu sangue gelar: um esquadrão de aviões japoneses voava na direção da frota americana.
Com os caças americanos afastados da frota, ela ficaria indefesa ao ataque.
Ele não podia alcançar seu esquadrão nem avisar a frota da aproximação do perigo.
Havia apenas uma coisa a fazer.
Ele teria que desviá-los da frota de alguma maneira.
Afastando todos os pensamentos sobre a sua segurança pessoal, ele mergulhou sobre a formação de aviões japoneses.
Seus canhões de calibre 50, montados nas asas, disparavam enquanto ele atacava um surpreso avião inimigo e em seguida outro.
Butch costurou dentro e fora da formação, agora rompida e incendiou tantos aviões quanto possível, até que sua munição finalmente acabou.
Ainda assim, ele continuou a agressão.
Mergulhava na direção dos aviões, tentando destruir e danificar tantos aviões inimigos quanto possível, tornando-os impróprios para voar.
Finalmente, o exasperado esquadrão japonês partiu em outra direção.
Profundamente aliviado, Butch O'Hare e o seu avião danificado se dirigiram para o porta-aviões.
Logo à sua chegada ele informou seus superiores sobre o acontecido.
O filme da máquina fotográfica montada no avião contou a história com detalhes.
Mostrou a extensão da ousadia de Butch em atacar o esquadrão japonês para proteger a frota.
Na realidade, ele tinha destruído cinco aeronaves inimigas.
Isto ocorreu no dia 20 de fevereiro de 1942, e por aquela ação Butch se tornou o primeiro Ás da Marinha na 2ª Guerra Mundial, e o primeiro Aviador Naval a receber a Medalha Congressional de Honra.
No ano seguinte Butch morreu em combate aéreo com 29 anos de idade.
Sua cidade natal não permitiria que a memória deste herói da 2ª Guerra desaparecesse, e hoje, o Aeroporto O'Hare, o principal de Chicago, tem esse nome em tributo à coragem deste grande homem.
Assim, se por ventura você passar no O'Hare International, pense nele e vá ao Museu comemorativo sobre Butch, visitando sua estátua e a Medalha de Honra. Fica situado entre os Terminais 1 e 2.
O que têm estas duas histórias de comum entre elas?
Butch O'Hare era o filho de Easy Eddie.

Rua vazia







Sentei numa cadeira da varanda. Olhava a rua. Só tem uma quadra. A maioria das pessoas chega ou volta por aí , pela da direita, no sentido da rua principal do Retiro. Um pouco de vento. Não subia muita poeira.




Não lembro de ter sentido um oco deste tipo em toda a minha vida. Uma dor inapelável. Não tem como tomar um copo de água e superar. Talvez ocupar-se de algo. Melhor fazia ela que foi dormir um pouco. Me sentia mais só ainda. Não havia com quem conversar.
Há poucos instantes, estive remexendo o lixo reciclável, onde foram lançados papéis e objetos, dispensados na limpeza das gavetas dele , na arrumação de malas na véspera. Coisa estranha.
Só olhava pro vazio da rua. Pensava comigo o quanto era comum olhar o filho sair de carro, subindo aquela rua. E o quanto é bom vê-lo chegar. Ou simplesmente ouvir o barulho de pneus no barro solta da rua. Daí pra frente isso iria demorar um pouco a acontecer.



Tempo, tempo, tempo

O tempo é uma referencia estabelecida pelo homem.
O espaço é infinito. O tempo também. Quando passa, ele vira PASSAdo.
A gente vai gastando a ínfima fatia de tempo em que consiste a nossa existência, aproveitando o AGORA (que também vira imediatamente passado no segundo seguinte), em função de coisas para fazer daqui a pouco, amanhã, semana que vem, mês que vem, na Primavera, Ano que vem, na velhice...
Medimos as fatias de tempo basicamente pelo movimento dos astros, dos planetas, das coisas da natureza.
Se tempo é um mero parâmetro de medida e que não tem outro significado, poderíamos inverter as posições. O ser humano ou qualquer outro ser que tem massa poderia tornar-se o ponto de referência, o princípio...o ponto estático... Mas para medir o quê?
Não é o tempo que me envelhece, o que conduz à velhice, ao estado porvir; são as coisas que de fato existem... ou deixam de existir.
Enxerguei-me outro dia literalmente na pele de um daqueles frangos que ficam espetados nos fornos envidraçados das portas de avícolas, padarias por ai. Eles vão mudando de cor, vão cozinhando, vão ficando no ponto pra cair no prato de um faminto. Depois se desintegram e viram outras coisas, outros formatos... Olha aqui. Naquela cena do forno, quem era parte fixa?
O que assa a gente são os contatos físicos e materiais, a interatividade com coisas e gentes, química e elementos e fenômenos da natureza.

Se tiver um tempinho, baixe e assista:
http://www.4shared.com/file/109751892/a80a2f0/Sunscreen.html

"3 Milhão"

Parei outro dia numa rua para pedir informação a um sujeito simples. Lembrei do cara na hora!

Quanto vai custar seu trabalho? Dá pra fazer por 3 milhão, disse o pedreiro. O Wagão estava perto quando ele respondeu. E por algum tempo lembraria da maneira que João, o pedreiro falava. Dei um jeito de pagar o que pediu. E a casa foi feita em 2 meses. Não completamente. Enfiamos parte dos móveis no sótão e mudamos. As portas internas não estavam instaladas. Pus literalmente a mão na massa e fiz uma parte da calçado da frente da casinha. Nas laterais e nos fundos, quando chovia, os cães ficavam naquela lama toda que se formava. O alambrado servia para proteger parte do terreno. Fiz também um portão de madeira. Os amigos vinham fazer churrasco, coisa sem muita combinação prévia.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Cheiros

Cheiros. Odores. Muito do que trago em algum canto da memória vem à tona por algum cheiro, algum odor que surge do nada. Aquele cheiro que senti agora ha pouco, devia ser de alguma panela grande cozinhando arroz ou qualquer outra iguaria com salitre. Fui imediatamente transportado lá pros meus tempos de pensão. A cozinha e todos os corredores e ambientes em volta exalavam este cheiro: o da base da comida que era servida à peãozada – eu lá no meio. Não chegava a ser um aroma de comida boa. Era pelo menos um alivio saber que haveria algo a se colocar no estômago. Arroz, feijão e qualquer “mistura”. Esta última sem nenhuma personalidade, nem sei se tinha cheiro. O outro cheiro sim, o predominante. Vinha acompanhado de uma fumacinha que saia da panela.
Já fui atrás, é verdade, de conferir a fonte de cheiros assim. Isto já no presente. Poderia até escolher uma comidinha melhor, gastar um pouco mais; não.Já quis ver, conferir a origem. Pelo simples fato de olhar a comida, provar o saber daquele arroz, daquele feijão, e viajar no tempo.

Outros cheiros : do perfume que meu pai usava aos domingos de missa. Não se chamava perfume; dizia-se “extrato”. Depois que ele se foi, aquele cheiro ficou lá, no guarda-roupa, por muito tempo. Até se dissipar e se instalar um pouquinho na memória, com aquele hábito de organizar e conservar velhas roupas..

Há os cheiros de hotel também. Deve ser o produto que se usam para lavar as roupas de cama. Alguns estavam sempre presentes em hotéis de diferentes padrões, Brasil afora, mundo afora., Junto com estes cheiros, as sensações de dormir só. Ligar a TV e olhar indiferente objetos e pessoas em movimento. Ter um telefone à disposição e deixá-lo estático. São caras as ligações; ainda se se tivesse pra quem ligar...