segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Cheiros

Cheiros. Odores. Muito do que trago em algum canto da memória vem à tona por algum cheiro, algum odor que surge do nada. Aquele cheiro que senti agora ha pouco, devia ser de alguma panela grande cozinhando arroz ou qualquer outra iguaria com salitre. Fui imediatamente transportado lá pros meus tempos de pensão. A cozinha e todos os corredores e ambientes em volta exalavam este cheiro: o da base da comida que era servida à peãozada – eu lá no meio. Não chegava a ser um aroma de comida boa. Era pelo menos um alivio saber que haveria algo a se colocar no estômago. Arroz, feijão e qualquer “mistura”. Esta última sem nenhuma personalidade, nem sei se tinha cheiro. O outro cheiro sim, o predominante. Vinha acompanhado de uma fumacinha que saia da panela.
Já fui atrás, é verdade, de conferir a fonte de cheiros assim. Isto já no presente. Poderia até escolher uma comidinha melhor, gastar um pouco mais; não.Já quis ver, conferir a origem. Pelo simples fato de olhar a comida, provar o saber daquele arroz, daquele feijão, e viajar no tempo.

Outros cheiros : do perfume que meu pai usava aos domingos de missa. Não se chamava perfume; dizia-se “extrato”. Depois que ele se foi, aquele cheiro ficou lá, no guarda-roupa, por muito tempo. Até se dissipar e se instalar um pouquinho na memória, com aquele hábito de organizar e conservar velhas roupas..

Há os cheiros de hotel também. Deve ser o produto que se usam para lavar as roupas de cama. Alguns estavam sempre presentes em hotéis de diferentes padrões, Brasil afora, mundo afora., Junto com estes cheiros, as sensações de dormir só. Ligar a TV e olhar indiferente objetos e pessoas em movimento. Ter um telefone à disposição e deixá-lo estático. São caras as ligações; ainda se se tivesse pra quem ligar...

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